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Agrotóxico: saiba o cenário brasileiro

Agrotóxico: saiba o cenário brasileiro

Agronegócio no Brasil 26 de jun de 2021
Insumo
Postado por: Insumo Agrícola

Para atender à crescente demanda de alimentos, o modelo agrícola adotado no Brasil passou nos últimos 50 anos por um intenso processo de modernização. Fatores como: a abundância de recursos naturais, extensas áreas agricultáveis, clima tropical, investimentos em pesquisa agrícola (promovendo novas tecnologias e inovações), políticas públicas e a competência dos agricultores, contribuíram para que atualmente o país esteja posicionado como um dos maiores produtores mundiais de alimentos.

Porém, o aumento da produtividade agrícola foi seguido pelo aumento do uso de agroquímicos, classificando o Brasil como líder mundial também no uso e na compra de pesticidas (FAO, 2020). Os produtos são usados principalmente para o cultivo de soja, milho e algodão. De acordo com os dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) até 2019 haviam 474 agrotóxicos com registro no Brasil, um novo recorde de registros.

Na ocasião, o MAPA publicou uma nota de esclarecimento referente as liberações de 2019: Para serem registrados, os defensivos agrícolas devem ser avaliados e aprovados pelo Ministério da Agricultura quanto à eficiência agronômica, pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) quanto ao impacto para a saúde humana e pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) quanto aos impactos ao meio ambiente”.  

Referente as críticas recebidas da população e imprensa pelo maior registro de aprovação de agrotóxicos da história, a ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina enfatizou que “Nenhum registro concedido este ano começou a tramitar em 2019. Portanto, não pode ter sido avaliado apenas nos seis meses de governo Bolsonaro. Há todo um longo processo, anterior a 2019, que não pode ser ignorado: os pedidos de registro aguardam na fila em média há quatro anos – e alguns há uma década, apesar de a lei determinar prazo de 120 dias para resposta”.

De janeiro até junho deste ano (2020), outros 150 produtos, destinados tanto para agricultores como para a indústria, já foram registrados. Destes, dois são defensivos agrícolas bioquímicos inéditos classificados no menor grau de toxicidade pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Os outros 148 registros de genéricos são divididos da seguinte forma:

  • 60 ingredientes químicos de agrotóxicos que são vendidos aos agricultores;
  • 66 princípios ativos para a indústria formular agrotóxicos;
  • 22 pesticidas biológicos vendidos aos agricultores;

De fato, o uso de fertilizantes e defensivos se tornou um dos principais elementos no incremento da produção. Contudo, seu uso, muitas vezes indiscriminado, também resultou um problema para o país: a dependência de importações, aumento no custo da produção e danos ao meio ambiente trazendo riscos à saúde tanto do produtor, como do consumidor e de todo ecossistema.

Um levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) apontou que somente em 2017, foram consumidas 315,5 mil toneladas de ingredientes ativos (IAs) das 21 categorias de defensivos agrícolas utilizadas no Brasil, onde as mais usadas são: 58,45% os herbicidas, 12,06% os fungicidas e 10,1% os inseticidas. As demais 18 categorias de defensivos responderam conjuntamente por 19,39% do consumo nacional.

Conforme estudo publicado pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE, 2020), há mais de uma década o glifosato é o ingrediente ativo mais vendido no Brasil, estando presente na formulação de 117 marcas de herbicidas. Em 2017, foram vendidas 173,15 mil toneladas desse produto, o triplo do segundo colocado, o 2,4–D (ácido diclorofenoxiacético), presente na formulação de 79 marcas de herbicidas.

Em 2018 o Ministério da Saúde, publicou os resultados do estudo referente ao número de intoxicações no Brasil por exposição a agrotóxicos, um compilado de dados de 2007 a 2015. A publicação mostra que neste período foram notificados 84.206 casos de intoxicação no país em unidades de saúde pública e privada.

Recentemente, o Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos nos Alimentos realizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA, 2019) indicou que mais da metade das amostras de alimentos analisados contém algum nível de contaminação por agroquímicos e destas, 72% estão acima do limite máximo de resíduos permitido pela legislação.

As coletas foram realizadas entre 2017 e 2018 totalizaram 4616 amostras de 14 das espécies vegetais mais consumidas cotidianamente pelos brasileiros como: arroz, uva, goiaba, laranja, abacaxi, manga, alface, tomate, chuchu, pimentão, alho, batata doce, beterraba e cenoura.

Foi detectada a presença de 122 dos 270 ingredientes ativos pesquisados. Em 0,89% das amostras foram detectadas potenciais situações de risco agudo, o qual considera exposição única, em uma refeição ou ao longo do dia, com potencial de causar dano. Os alimentos que apresentaram amostras com nível de risco agudo foram: abacaxi (1 amostra), batata-doce (1 amostra), uva (4 amostras), goiaba (8 amostras) e laranja (27 amostras).

O gráfico abaixo lista os agrotóxicos mais detectados e o total de amostras que estavam presentes:

Fonte: Adaptado de ANVISA (2019)

Diante desse cenário, é essencial implementar novas medidas para viabilizar a sustentabilidade nas áreas rurais. Consumidores buscam, cada vez mais, por alimentos saudáveis e livres resíduos, e por sua vez, além dos riscos pelo consumo de alimentos contaminados, grande preocupação encontra-se também acerca dos riscos enfrentados pelo produtor rural no manuseio destes ingredientes.

Os resultados destas pesquisas enfatizam a necessidade do incentivo a novos estudos que viabilizem a ampliação e implementação de sistemas de produção mais sustentáveis, com impactos ambientais reduzidos e do uso mais racional dos defensivos afim de evitar danos irreversíveis em um futuro próximo.

Para acessar os dados apresentados e saber mais sobre este tema, acesse: 

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